sexta-feira, outubro 12, 2007

ERUPÇÃO


Vulcão em meu corpo,
lavas-me,
levas-me por todo o espaço,
devastação em versos,
inverso do prazer.

Tenor, em solo fértil,
erétil,
tua boca é flauta
teu ventre, violoncelo.
Regendo o oboé,
arrancas notas,
acordes em despertares.

Vem o magma,
escorrendo lento por entre os sulcos,
e lambes labaredas,
afundas em meu colo,
como o poeta em letras.

Emerges feito trunfo,
glorioso patrimônio,
demônio,
profano e louco,
a me queimar desejo aos poucos.

Então me derreto,
antes sólida certeza,
incrustada no passado,
para sedimentar em teus braços,
eternamente rocha...

Lílian Maial